Na última postagem estávamos falando sobre intertextualidade. Hoje, voltamos ao assunto para que através de uma paródia todos possam perceber a intertextualidade.
A paródia é uma reescritura,ou seja, uma nova visão, de um texto normalmente consagrado que vem carregado de contestações e ironia. Um texto crítico e, geralmente, o que prevalece nele é o cômico.
As paródias não precisam ser obrigatoriamente de textos literários. Pode-se criá-las sobre filmes e músicas. A nossa, é de um poema conhecido por todos.
SONETO DA INFIDELIDADE
(Raquel Ap. Fadel)
Dei tudo ao meu amor desatento
Antes e depois e caros e sempre e, tanto,
Que mesmo em débito com o banco
Dela era casa, o carro e o cheque em branco.
Que mesmo em débito com o banco
Dela era casa, o carro e o cheque em branco.
Por desejá-la vivi esses tormentos
E, a seu favor eu denegria meu nome,
E, a seu favor eu denegria meu nome,
E, ela ria enquanto eu derramava o pranto,
Ao meu pesar e o meu endividamento.
Ao meu pesar e o meu endividamento.
E, assim, quando mais tarde eu fali,
Não tinha mais nada, e na bebida caí,
Quem sabe a solidão por falta de perdão,
Faça-me refletir que o amor que vivi,
Não era imortal posto que é ambição,
Mas que foi finito por falta de um quinhão.
Temos a certeza de que essa paródia de imediato o remeteu ao soneto de Vinícius de Morais, não foi?
É isso! Esse é o conhecimento prévio do qual falamos no assunto passado. Agora, comparem -no com o texto original.
SONETO DA FIDELIDADE
Vinícius de Morais
De tudo, meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor ( que tive ) :
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor ( que tive ) :
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.