sexta-feira, 17 de setembro de 2010

FALANDO DE INTERTEXTUALIDADE

     Na última postagem estávamos falando sobre intertextualidade. Hoje, voltamos ao assunto para que através de uma paródia todos possam perceber a intertextualidade.
     A paródia é  uma reescritura,ou seja, uma nova visão, de um texto  normalmente consagrado que vem carregado de contestações e ironia. Um texto crítico e, geralmente, o que prevalece nele é o cômico.
     As paródias não precisam ser obrigatoriamente de textos literários. Pode-se criá-las sobre filmes e  músicas. A nossa, é de um poema conhecido por todos.



SONETO DA INFIDELIDADE
       (Raquel Ap. Fadel)

Dei tudo ao meu amor desatento
Antes e depois e caros e sempre e, tanto,
Que mesmo em débito com o banco
Dela era casa, o carro e o cheque em branco.

Por desejá-la vivi esses tormentos
E, a seu favor eu denegria meu nome,
E, ela ria enquanto eu derramava o pranto,
Ao meu pesar e o meu endividamento.

E, assim, quando mais tarde eu fali,
Não tinha mais nada, e na bebida caí,
Quem sabe a solidão por falta de perdão,

Faça-me refletir que o amor que vivi,

Não era imortal posto que é ambição,
Mas que foi finito por falta de um quinhão.


      Temos a certeza de que essa paródia de imediato o remeteu  ao soneto  de Vinícius de Morais, não foi?
       É isso! Esse é o conhecimento prévio do qual falamos no assunto passado. Agora, comparem -no com o texto original.


SONETO DA FIDELIDADE
  Vinícius de Morais

De tudo, meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor ( que tive ) :
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Transposição Textual

    Aproveitando um curso oferecido na DEE local sobre LEITURA E ESCRITA NO MUNDO CONTEMPORÂNEO, é pertinente que deixemos aqui informações  esclarecedoras sobre o assunto. A transposição textual nada mais é do que pegarmos um texto escrito em determinado gênero e o transpor para outro, como por exemplo, pegarmos uma notícia e transformá-la em um artigo de opinião.
     Durante a oficina um dos textos trabalhados foi o conto " A Pequena vendedora de Fósforos " (Hans Christian  Andersen), o qual   foi utilizado para a transposição em forma de notícia:

VENDEDORA DE LUZ MORRE POR FALTA DE CALOR

      Por ironia do destino a criança que levava luz aos que compravam seus fósforos morre por falta de calor.
      A pequena vendedora de fósforos morreu noite passada vitimada pelo frio intenso. Ela foi encontrada descalça e sem nenhum agasalho encostada a uma parede tão gelada quanto seu corpo.
     Segundo os moradores, ela vendia fósforos para ajudar no sustento do lar. Ninguém sabia seu nome, era conhecida, apenas, como a pequena vendedora de fósforos. Ninguém a viu perambulando pelas ruas, pois além das celebrações do novo ano, a temperatura atingiu quatro graus abaixo de zero, o que fez com que as pessoas permanecessem em seus lares impedindo de ajudá-la.
     Aos familiares, o nosso pesar.
    
   Dessa maneira, fica fácil perceber a transposição, porém, como em diversos casos, é necessário que se tenha um conhecimento prévio do texto original, o mesmo, acontece com a intertextualidade, pois, caso você leia um livro que cite  um trecho de Dom Casmurro, por exemplo, e você não tenha feito a leitura deste,  não conseguirá entender a observação do autor.